A publicidade e todos os recursos de comunicação são armas poderosas. E todos os dias a sociedade é influenciada por diversas estratégias, discursos e narrativas que consolidam opiniões e ditam as bandeiras que impactam no cotidiano das pessoas.
Mas por que os sindicatos e associações, instituições tão legítimas e importantes para a classe trabalhadora, não usam de forma contundente os recursos da publicidade para ampliar suas causas?
Este artigo é para mostrar que é imprescindível que entidades de classe em defesa dos trabalhadores entendam como a comunicação pode revolucionar e fortalecer suas pautas. E campanhas publicitárias são ferramentas perfeitas para dar esse passo.
É importante que o movimento sindical se aproprie das estratégias de comunicação para que se fortaleça. E assim, garantir o protagonismo nas discussões das questões nacionais que interessam diretamente aos trabalhadores. Afinal, não falta legitimidade para isso. Também é um direito de qualquer cidadão manifestar-se por meio de organizações próprias para defender seus interesses.
Uma das formas de ser combativo nas pautas dos sindicatos é produzir e gerenciar campanhas. Ou seja, fazer com que as mensagens alcancem milhões de pessoas conquistando corações e mentes para as pautas dos trabalhadores.
Não importa se o objetivo for uma campanha direcionada apenas para categoria como uma campanha de filiação ou sobre segurança do trabalho, ou se o objetivo é “estourar a bolha” e ganhar a simpatia da sociedade. O mais importante é entender que os objetivos para engajar as pessoas em uma causa ou ensinar algo de forma simples e clara com narrativas conectadas à população.
Uma campanha é um conjunto de ações de marketing, planejadas de forma estratégica e executadas para atingir determinado objetivo. E podem ser feitas nos mais variados formatos com diversos recursos, sejam eles on-line como marketing digital, redes sociais e streaming ou físicos com mídias impressas, anúncios, ações promocionais nas ruas ou material de comunicação em mobilizações, por exemplo.
No entanto, as campanhas exclusivamente online têm sido muito usadas e podem garantir ótimos resultados nos objetivos de campanhas sindicais. Isso porque, nas últimas décadas, a evolução tecnológica aliada ao surgimento da internet, reconfigurou as formas de se comunicar e isso exigiu dos profissionais de comunicação a necessidade de adequar as mensagens com transformações constantes. Tudo isso para estabelecer laços e dialogar com os mais diversos públicos.
No caso dos temas da classe trabalhadora, que muitas vezes são repletos de mensagens políticas, é preciso criatividade para traduzir assuntos complexos de forma simples e direta.
E para ter bons resultados é importante gerar conteúdos atrativos e impactantes, mas que ao mesmo tempo sejam didáticos para evitar rejeições.
Algumas causas são mais palatáveis que outras. Mas nenhuma é mais ou menos importante, o segredo é saber convencer com dados consistentes e bons argumentos. As pessoas precisam acreditar na causa e sua entidade precisa passar confiança para conquistar essa credibilidade.
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Campanha sindical contra a Reforma Administrativa
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 32/2020 foi encaminhada à Câmara Federal em setembro de 2020. Apresentada com promessas de mudanças na administração pública com a justificativa de combater “privilégios” do serviço público no Brasil, na verdade, a proposta pode destruir a entrega de direitos aos cidadãos brasileiros.
A PEC nº 32 fez parte de uma sequência de desmontes de tudo que é público, de redução do Estado e aniquilamento da soberania nacional.
Regras da administração pública como forma de contratação por concurso e estabilidade, delimitação das atribuições do Poder Executivo, que hoje funcionam como proteção ao povo brasileiro, iriam deixar de existir com a proposta. Essa medida representou uma ameaça à qualidade dos serviços prestados à sociedade, abrindo grave precedente para o aumento da indicação política, dando mais espaço para corrupção, clientelismo e afastando o cidadão do uso dos seus direitos na participação da administração pública.
Quando essa PEC começou a tramitar no Congresso Nacional, rapidamente as entidades sindicais e associativas, movimentos sociais e uma grande parcela da opinião pública, começaram a se movimentar contra os absurdos previstos na medida.
E nesse momento crucial, diversas iniciativas de campanhas contra a Reforma Administrativa ganharam as redes sociais. Foram muitas ações on-line, de articulação e mobilização que somadas fizeram com que a PEC enfraquecesse no Congresso e saísse da pauta de votação do Legislativo Federal.
Vai Piorar: A nossa experiência com campanha sindical contra a Reforma Administrativa
Em julho de 2021 o Sisejufe procurou a Mobiliza para desenvolver uma Campanha contra a Reforma Administrativa, e assim nasceu a Campanha #VaiPiorar.
E criamos a campanha #VaiPiorar que chegou com a proposta de chamar a atenção da população para essa aniquilação de direitos. A PEC nº 32 faz parte de uma sequência de desmontes de tudo que é público, de redução do Estado e aniquilamento da soberania nacional.
De junho de 2021 a novembro de 2022, a equipe pensou em traduzir em ações principalmente para as redes sociais para conscientizar a população sobre o quanto o servidor público é importante para a entrega dos direitos previstos na Constituição. Confira tudo sobre a campanha aqui!
Como colocar em prática
Depois de ter os objetivos definidos claros e concisos é hora de colocar em prática. E o primeiro passo é o planejamento para traçar estratégias. Para isso, algumas perguntas precisam ser respondidas, como por exemplo: Por que fazer essa campanha? Qual a duração dessa campanha e qual o orçamento disponível. Somente depois de estruturar e responder a cada uma dessas questões você poderá seguir com o caminho.
Com o planejamento em mãos, chega o momento de definir os objetivos e os KPIs (indicadores de performance). Será olhando para esses pontos determinantes que você saberá para onde seguir.
- Engajar a base em prol de uma luta da categoria;
- Aumentar os filiados ou associados;
- Melhorar o engajamento nas redes sociais;
- Conscientizar a sociedade sobre uma luta da classe trabalhadora;
- Divulgar o lançamento de parcerias e benefícios;
- Ganhar uma eleição.
É importante sempre estabelecer indicadores e metas possíveis de serem alcançadas e também avaliar os resultados ao longo da campanha. Se o objetivo estiver muito longe do esperado, vale muito a pena rever algumas ações da estratégia.
Como foi feito: colocando a mão na massa
A maioria das campanhas poderão ser feitas utilizando as redes sociais da própria instituição. No entanto, em alguns casos vale a pena pensar em vida própria para o tema. No caso da Reforma Administrativa, um grande desafio era levar o problema para além dos servidores públicos e conseguir sensibilizar a sociedade. Afinal, não só os servidores públicos seriam atendidos com os prejuízos trazidos na mudança Constitucional. Então, neste caso, uma boa estratégia foi criar redes sociais para a campanha independente das redes do sindicato. Isso abriu possibilidade para que os conteúdos da campanha fossem amplamente replicados por muitas entidades de classe.
No caso da Campanha #VaiPiorar, criamos o conceito e a identidade visual da campanha e em seguida as contas das redes sociais da campanha (Facebook, Instagram e Twitter).
Também foi desenvolvido um site www.vaipiorar.com.br, com identificação direta com a população sem atrelar ao nome do Sisejufe. O conteúdo do site reuniu informações da campanha e textos consistentes, notícias, artigos, sistema de envio de emails para pressionar os parlamentares federais do RJ, e mais pacote de artes e cards de divulgação da campanha.
No site também foi desenvolvida uma plataforma de envio de e-mails aos parlamentares. Com mensagem padrão, colocamos uma lista dos deputados para que o cidadão ou cidadã pudesse clicar e mandar emails, mensagens por wpp e ainda ter acesso às redes sociais dos parlamentares.
Outra frente importante foi um trabalho consistente no WhatsApp com grupos para divulgação dos conteúdos em grupos e listas de transmissão.
O conteúdo para uma campanha pode ser muito amplo, com vídeo motion (animação) explicando a campanha de forma didática e utilizando storytelling. Também podem ser feitos vídeos reacts, que rebatem declarações contrárias à causa e vídeos de outros temas como de mobilização e informativos.
Cards criativos e que atraem a atenção do público-alvo são essenciais. Eles podem ser didáticos, informativos, memes ou replicando algum viral do dia. Vale tudo que estiver em consonância com o objetivo da campanha. O importante é manter a frequência e publicar de forma estratégica.